quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Se Cristo é a resposta, qual é a pergunta?

pergunta Um de meus compositores favoritos, Sérgio Pimenta, dizia que o homem vive com uma saudade constante de Deus. Todo homem convive com isso. Os que conhecem a Deus deleitam-se com a esperança do pleno encontro. Os que não o conhecem têm tal saudade traduzida em constante vazio. Preencher o vazio é tarefa do Espírito; anunciar, proclamar a possibilidade do preenchimento é tarefa da igreja. Há algum tempo as igrejas batistas em São Paulo fizeram uma campanha tendo como frase tema Cristo é a resposta. Fizeram adesivos, cartazes, camisetas. Pintaram fachadas e muros. Um desses muros foi o do colégio Batista em São Paulo. Mas o que verdadeiramente me chamou a atenção e me marcou em definitivo foi uma pichação que fizeram no muro alguns dias depois de terem pintado a frase-tema. O indivíduo questionou: “Se Cristo é a resposta, qual é a pergunta???”
Como pessoas, nossas vidas muitas vezes não respondem ao sublime e radical chamado de nosso Mestre à adoração pela proclamação, ao amor pela obediência, ao relacionamento pela comunhão, à missão pelo serviço. Como igreja, temos respondido a perguntas que não são mais feitas, dado gritos no vazio de nosso egoísmo e nos limitado aos muros dos guetos que construímos. Não ouvimos mais o clamor do mundo, os seus berros inquietos, gritos desesperados, gemidos de dor sem cura nem resposta, os sons que vêm de fora do portão.
Tenho procurado disciplinar os ouvidos de meu coração ao grito dos aflitos, os que clamam por um “amor maior” (Jota Quest), aos que dizem que “o que falam na TV sobre o jovem não é sério” (Charlie Brown Jr.), que “pequenos momentos podem se tornar inesquecíveis” (idem).
Tenho tentado fazer com que os olhos da minha alma vejam o que Deus vê, os destroços de “La Guernica” (Picasso), o menino que “tá vendendo drops no sinal para alguém” (Lenine), a ver o rosto de Cristo na escultura perfeita de Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa), a chorar com quem está “à procura da felicidade” (Steve Conrad e Will Smith) sem encontrá-la de fato.
Tenho deixado meu espírito ser guiado pela “santa tolice da fé que crê poder mudar o mundo” (São Francisco de Assis), que anseia por ver “para todo mal, a cura” (Lulu Santos), que acredita que “paz sem voz não é paz, é medo” (O Rappa), que contempla a “unimultiplicidade, onde cada homem é sozinho a casa da humanindade” (Tom Zé).
“A estrada segue, seguindo vou” (Carlinhos Veiga). “Se quiser saber pra onde eu vou, para onde tenha sol, é pra lá que eu vou” (J. Quest). Um sol que brilha resplandecente e espanta a noite. “O sol que conheci num dia em que a vida ardia sem explicação” (Cássia Eller).
Aceito, mesmo temeroso, tanto o desafio de tentar discernir a beleza e a angústia expressas no clamor de quem “está fora” (e será que está mesmo?) quanto o de, ao invés de buscar respostas, ser, como Igreja, a resposta de Deus para as inquietações do mundo.
Fabricio Cunha

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Ser ou não ser líder?



Nem todo mundo nasceu para ser líder. E isso não tem a ver com dom ou qualquer outra prerrogativa de cunho genético ou espiritual. A questão é que há pessoas que simplesmente não querem ser líderes. Agem de forma consciente ou inconsciente contra o papel da liderança. Não se sentem “tocadas” com o espírito da liderança.

Liderar significa correr riscos. Esta ação gera medo em certas pessoas. Ter de assumir uma posição é algo incômodo, pois gera ansiedade, dúvida, insegurança. Há indivíduos que preservam mais do que tudo sua sensação de segurança e assumir o papel da liderança é exatamente quebrar este equilíbrio.

Há vários exemplos de pessoas que eram excelentes técnicos, e ao serem içados a uma posição de liderança tornaram-se fracassos absolutos. Como recusar uma promoção? Eis aí um grande dilema para tantas pessoas no mundo corporativo moderno.

Até o início dos anos 80 era muito presente no ambiente profissional a velha máxima: para ser líder, gerente ou diretor é preciso ter tempo de casa. Dali até os dias atuais vemos cada vez mais este tipo de pensamento e atitude corporativa sendo extinta. No mundo competitivo atual não há mais espaço para protecionismos, mas para competência.

O grande erro que se cometia era o de promover à liderança aquele mais antigo. Hoje o erro continua, mas de outra forma. Promove-se aquele que é muito competente no que faz. O ponto crucial é a não observação de que há diferenças entre a competência técnica e a competência da liderança.

Apesar do exercício da liderança exigir método, rotina, conhecimento e outras habilidades técnicas, atuar como líder exige muito mais do comportamento do indivíduo, do que o tempo de casa ou sua capacitação acadêmica e profissional. Por isso, é possível encontrarmos excelentes Engenheiros ocupando o papel de liderança e Administradores e Psicólogos sendo péssimos líderes. Não basta ter a capacitação técnica apenas; é preciso ter o preparo comportamental, mas principalmente a vontade de liderar. É necessário ter identificação com o papel da liderança. Saber que ao assumir esta posição o indivíduo lidará com uma atividade que vai além daquela que aprendeu na universidade.

Por isso, é preciso ter coragem para liderar. É fundamental que a pessoa faça o exercício solitário de pensar em si como um líder e todas as suas implicações. O que irá ganhar e perder; analisar se está preparado para as novas pressões que irá sofrer e como poderá lidar como elas. Entender que esta nova posição irá exigir muito mais do que conhecimento técnico, mas preparo pessoal para lidar com um fator intangível: o ser humano.

Não há demérito em não ser líder. Imagine se o mundo fosse repleto de líderes, como conseguiríamos viver? Há espaço para todos, líderes e liderados. Pense em si mesmo e o que te faz bem. Como gosta de trabalhar? Prefere estar à frente de tudo ou executando suas atividades? Gosta de tomar decisões e planejar estratégias ou prefere analisar, pesquisar ou executar o trabalho? Note que é possível agir como um líder em diversas situações do dia-a-dia. A diferença de assumir um cargo ou posição de liderança é que isso será constante, e nem todos se dispõem a assumir este papel.

A sociedade atual por vezes induz os indivíduos a assumirem uma posição que não lhes diz respeito. Por isso, clarifique para si mesmo o que quer. O que te faz bem. Ao perceber que a atuação como um líder é algo instigante, desafiador, enriquecedor, vá em frente: prepare-se, estude, pratique, mas tenha a humildade para saber reconhecer no meio do caminho se é isso mesmo o que você quer. Há momentos quando precisamos recuar para avançar. Há situações que é melhor esperar, analisar e aprender, para depois seguir em frente. Agora, se perceber que isto não é para você, seja o melhor naquilo que buscar fazer. Sucesso!

Sobre o Autor: Rogério Martins